25 de agosto de 2008

Olímpiadas 2008 - Parte II



De novo: quem vai a ler o que está escrito aqui, entenda claramente que: eu escrevi despido de conceitos políticos e/ou religiosos.


Pelo que eu percebi através da impressa a organização das olimpíadas foi exemplar (tirando a vara da nossa atleta que sumiu).
Parabéns China!
Agora, Brasil...
Venhamos e convenhamos; nós temos toda a condição do mundo de produzir um show tão bonito quanto aquele que nós vimos; e até melhor, por que não? Diga-se de passagem, nosso carnaval.
Por outro lado, na minha opinião (sem politicagem envolvida) antes de nós pensarmos em fazer a nossa Olimpíada temos que pensar em formar atletas.
Imagina produzirmos uma gigantesca festa e escutar o nosso Hino Nacional apenas três vezes?! Seria péssimo...

Produzir festas nós sabemos, o que temos que produzir são atletas... e isto me parece que está longe de começar...
Temos que fazer a maior festa do mundo, incluindo uma festa de medalhas. Tudo a exemplo da China.


Quero, e, no mínimo, meu Hino Nacional tantas ou mais vezes do que a China foi capaz de escutar o dela;

Vocês não concordam?

Sonho? Pode ser... mas uma meta que faria nosso país se desenvolver, e muitooooo...

Até porque a China vive uma ditadura e nós não... ou será que a gente que vive numa falsa democracia, aonde não temos direito nem há uma educação básica descente para todos. Mas como eu disse: sem conceitos políticos e/ou religiosos, né? Então deixa prá lá...

21 de agosto de 2008

Randy Pausch

Quando eu tinha quatorze anos (1991) quase todo mundo me perguntava porque eu fazia aulas de inglês. Eu estudava no Senai no período integral, frequentava as aulas normais a noite, e ainda acordava cedo para estar na aula de inglês, às oito da manhã em pleno sabadão. Naquela época nenhuma empresa (nem na qual eu trabalhava - multinacional de grande porte) exigia o inglês. Podia se falar que era um luxo, ou, perda de tempo, ou, dinheiro "jogado fora", ou como alguns me diziam: boiolice...
Naquela época eu aprendi bem e com o tempo esqueci o resto (quando eu entrei na universidade eu parei de estudar inglês). Aprendi a ler por causa dos livros que eu consultava, mas eu não sabia falar ou entender o que me falavam. Hoje, qualquer emprego exige o inglês. Daqui a pouco, vão exigir pra todo mundo e depois fingir que não existe português. Espero que não - vou deixar o sacarsmo de lado.

O que eu quero falar é que desde 1991 muitos me reprovaram, outros me zuaram (estudar em escolas de meninos aos quatorze anos não é tão fácil assim).
Eu não tenho a menor idéia do que aqueles caras que me zuavam fazem hoje em dia, e nem tenho contato desde que nos formamos. (1993)
Mas se eu pudesse voltar ao tempo eu diria pra eles que valeu a pena eu ter estudado inglês e muito. Não só por causa de emprego. Até porque eu me tornei Artista Plástico (muitos dizem "pelas costas, é claro!", nos dias de hoje, que não faço nada - mas também não dou ouvidos pra isso). Aprendi isso desde muito jovem: "não dê ouvidos para as pessoas que fazem pouco ou quase nada..."
Mas valeu a pena ter estudado inglês por mim. Eu aprendi pra mim, e eu sempre fui o único interessado.

E hoje eu assiste a última aula (ministrada em setembro de 2007) de Randy Pausch um professor de ciência da computação que em setembro de 2006 diagnosticou um câncer terminal e morreu no dia 25 de julho deste ano aos 47 anos.

É uma excelente aula, uma mensagem de esperança e superação.
O que meu inglês tem haver com isso? A palestra é em inglês: por isso, se eu me perguntasse se aprender inglês vale a pena, se meu esforço valeu a pena? Eu digo com todo o meu coração aberto. SIM, VALEU!!!

Obrigado Randy Pausch pela sua mensagem.

Assistam o video, vale a pena...


20 de agosto de 2008

O BAR DO CEARÁ. A história de Joel Cabral (17/02/67 – 30/09/06)


Esta prosa foi escrita a partir de uma sugestão do Marçal Aquino.
Será que ele vai gostar? Escrevi um pouco mais do que eu queria, mas, nem menos
do que precisava.
E você, será que vai gostar?

O BAR DO CEARÁ.
A história de Joel Cabral (17/02/67 – 30/09/06)

E então seu braço se estendia da calçada até o meio fio, seus dedos pareciam sem donos, leves ao ar sem tocar o chão. Esta é a imagem que ficará gravada em mim para sempre. Eu nem sei o que eu estava fazendo ali. Vi uns camaradas rodeando o local e fui parando também. Eu não queria, mas fiquei.
Colocando a cabeça por cima dos ombros das outras pessoas pude perceber que era o bêbado mais conhecido da vila. Pelo menos pra mim. Ele perambulava pelos bares de sempre, serrava uma cachaça aqui, pagava outra ali e ia vivendo bêbado.
Como eu costumo passar por aqui porque desço do busão no quarteirão de trás, eu o sempre via no bar do Ceará de semana. Nos finais de semana, se eu não tenho nada pra fazer – e quase sempre eu não tenho – eu dou uma chegada no bar do Ceará, até porque quase sempre rola um forró. De vez em quando eu vou só pra tomar uma. Outras eu ia, mas nem chegava perto: É que descia uns caras que pra arrumar briga – era só olhar pra eles – e aqui aonde eu moro, tem que saber quem é quem, senão... já era! Ainda mais hoje em dia na minha idade.
Outras vezes eu saia de lá correndo. Não só por causa de treta, que rola mesmo. Nem porque eu seja metido: eu não sou. Se bem que se eu contar isso pra alguém vão falar que eu sou fresco. Nada a ver! Mas vou contar assim mesmo: a música; se é que posso falar assim, muitas vezes é mais que insuportável, é a “desconstrução” musical. Eu não sou músico, nem nada. Sou peão de fábrica. Não conheço porra nenhuma. Mas meu ouvido sabe quando alguma coisa tem valor artístico. Pra isso eu sou bom, quer dizer: meu ouvido é bom. Se a música presta eu logo sei. Se tá no tom, se tá desafinado, se tem harmonia. Aqui no bar do Ceará quando tem uma banda de forró dentro do ritmo eu já fico satisfeito. Não dá pra exigir. Além disso, pra ver show bom mesmo, que vale a pena, só no aniversário da cidade, lá no centro. Mas aqui no bar do Ceará é só chegar e falar que vai tocar; ele pega a folhinha toca riscada que fica pendurada na sua geladeira pré-histórica vermelha toca riscada e enferrujada, coloca em cima do balcão, pega a caneta sem tampa e com pouca tinta, marca a data do show e a única coisa que fala olhando nos olhos da pessoa é: “se naum vién no dia, nunca mais toca aqui”. Fala sério mesmo, como se tivesse muitas bandas de forró interessadas naquelas datas. Tem gente que vem tocar aqui, que nem tem um mínimo de bom senso. Outro dia mesmo, desci da terceira condução pra chegar em casa. Eu exausto, com as mãos ainda sujas e as unhas pretas de tanto mexer com ferro fundido, e que nenhuma química limpa, passei andando pelo bar do Ceará e só ergui a cabeça porque vi uns cartazes bonitos e grandes, muito bem feitos, cheio de cores e fotos muito bem produzidas, com certa dificuldade, não sou muito letrado, li as palavras grandes e entendi muito bem que no próximo sábado eu não podia perder o forró de jeito algum.
Se eu não me engano, foi nesse sábado que o Joel Cabral, esse mulato que agora o olho com pesar, todo sujo e cheio de sangue, veio tropicando em minha direção e falando comigo sem ao menos eu olhar pra ele. Bêbado é foda! Eu ignoro mesmo. Só de chegar perto a gente já sente aquele fedor de álcool curtido misturado com o cheiro de suor. Quem quer um cara desse por perto? Num corta o cabelo, não faz a barba, nem sabe que existe escova de dente, e lava a roupa só quando dormi na rua e chove. De vez em nunca é que eu vejo que está sem barba e cabelo tosado até a raiz. Só de vir chegando perto, eu sabia que iria sobrar pra mim; pra me livrar dele eu teria que lhe pagar uma branquinha. Vagabundo é foda! Falava nada com nada, tropicando as palavras e falando enrolado, contando de quando ele era músico e viajava por todo o Brasil – além de tudo dava uma de louco. Depois começou a encostar a mão em mim. Tentou me abraçar. Ai foi foda!
— Ceará, põem uma branquinha ai vai! – eu pedi só pra me livrar dele. Não pago nem pros meus chapas e acabei gastando com ele. “ Vagabundo!” pensei comigo.
O Ceará colocou uma dose num copo plástico e mandou ele sair andando, falando que hoje não era dia dele ficar por ali por causa do show. O Joel Cabral sabia que tinha que enrolar mais um pouco por ali. E não deu outra, o Ceará encheu o copo dele até em cima, deu a volta no balcão de madeira e o retirou educadamente. Só alguns passos depois eu tive coragem de olhar praquele maltrapilho. Eu vi que ele estava indagando alguma coisa, mostrando o seu saco de catar latinha na rua como se só estivesse trabalhando. Bem típico de vagabundo, mesmooo! Tudo em vão, ainda mais hoje com o show especial. O Ceará voltou e continuou agindo como se não houvesse passado nada. Mas eu o conhecia a muito tempo e sabia que ele estava ansioso. Não era todo dia que um grupo de forró “famoso” se apresentava no seu bar.

Eu não entendo, por que eu estou pensando todas essas coisas? Não é a primeira vez que vejo um cara caído no chão, e nem vai ser a última. A primeira vez que vi um cara estirado no chão com um tiro no meio do peito eu fiquei chocado, e bastante. Antigamente a rua era toda de terra marrom e sangue misturado na terra seca, com pó e sujeira vira uma gosma e fica com uma cor estranha. O cara era bandido, e dos ruins; e não tive pena alguma.
Com o passar dos anos a coisa foi piorando – infelizmente – mais corpos pelo chão, principalmente jovens, até chegar o momento – não me lembro quando e nem porque – em que me acostumei. Fingia nem existirem, se chegasse a cair um na porta de casa, Deus me livre, mas é a pura verdade: eu sairia normalmente para trabalhar, sem dar a mínima para o que acontecia em torno, eu só tomaria cuidado de não pisar no sicrano para que eu não sujasse meu sapato batido e com furo na sola. Já não bastasse os dias de chuva em que tudo ali virava um lamaçal por inteiro. Mas o que me deixava feliz e orgulhoso era ver o meu filho mais velho, ainda muito pequeno, que fazia questão de pelo menos um dia sim e um dia não, passar graxa e lustrar o meu sapato e enquanto fazia isso me dizia sem parar: “papai, ainda vou comprar uma casa pro senhor”. Era o seu sonho. Lembro também que fazíamos uma festa no dia em que eu podia trazer uma graxa nova pra casa, apesar de, eu realmente querer estar comemorando a troca de um carro novo.
Até o dia... o dia... desculpe, mas depois de vinte anos será a segunda vez que falarei sobre isso. Dá um nó na garganta só de pensar. Imagina pra mim falar...
Bom, já que eu comecei, então deixa eu acabar com a história lá do bar do Ceará.
Então, no dia em que eu falei, quer dizer, no dia em que o Joel Cabral veio me falar, ia rolar o tal do “forro famoso” dos pôsteres grandes e coloridos. E que fotos! Pois bem, antes de começar, rolou um show de sanfona com um senhor aqui da vila. Depois de uma hora e meia que eu estava lá e já não me agüentando muito. A banda entrou. O bar lotado, bem mais do que costume. A vocalista, bonita e... boa. Num short pequeno, deixando as pernas totalmente pra fora fez todos os homens arregalarem os olhos. Quando ela disse alguma coisa no microfone eu estranhei e quando ela começou a cantar, eu quase desmaiei. Rimo! Desculpe. Hãnhãn. Escutei apenas duas músicas e fui pra casa totalmente decepcionado. Era horrível, e o pior, o Ceará fingia que estava tudo muito bem. A mesma cara de paisagem de sempre. Ele tinha o bar e nenhuma vocação pra música, nem distinguir o que é bom do ruim, do horrível... parece que é assim, quem tem dinheiro se produz e tem público. Quem não tem, rala, rala, patina e não vai. Só pela insistência mesmo...
Deixa eu voltar pro outro assunto. Tenho que respirar nessas horas; até o ar parece que some. Quase sessenta anos e nunca vou me acostumar falar sobre isto. Com ninguém... e por que? Não me lembro. Medo, talvez. Mas só sei que me faz um mal danado esta dor aqui dentro do meu peito. Mais ar, respirar bem fundo e...
Há quase vinte e cinco anos atrás eu acordei com uma secura na boca, quase que insuportável, numa madrugada de sábado pra domingo. Uma dor estranha no peito. Uma coisa estranha que eu não sabia o que era, mas enchia meu corpo. Sonhei alguma coisa, mas infelizmente não lembro. Tomei um copo d’água e voltei a dormir, queria que aquilo passasse logo mas não passou.
Mesmo em um dia de domingo, eu não consigo ficar na cama até mais tarde, no começo eu não gostava; eu queria dormir pra ver se eu acordava menos cansado, ou, se eu conseguisse sonhar com uma praia bonita lá de Santos. Depois acabei acostumando a ver a beleza das coisas paradas e a entender melhor o silêncio. Talvez isto tenha me feito um pouco menos ignorante. Talvez este silêncio tenha me ensinado a falar disso, como eu estou falando agora.
Naquele domingo (como eu não pude perceber) estava tudo na minha frente, todas as coisas falavam comigo. Bem; na verdade, era o contrário: o silêncio era maior do que o de costume, até o vento eu sentia me acariciar com mais cumplicidade. Mas eu não vi... eu não quis ver, essa é a verdade.
Desculpa, eu não queria me emocionar. Deixa eu secar meus olhos.
Pois bem, naquele dia bateram na porta de casa logo cedo, e isto pelo que me lembro, nunca havia ocorrido. Tudo bem! Quando eu tinha uma pescaria pra ir, mas estava tudo marcado de véspera. Mas baterem na minha porta logo de manhã! Eu abri e vi, dois amigos meus. Eu os cumprimentei eufórico mas via em suas faces a verdade. Mas eu não queria ver, não queria que fosse comigo, por que eles não bateram na porta ao lado? Por que? Enrolaram, enrolaram, mas me disseram que dessa vez era o meu filho. Era o meu filho que estava caído. O meu filho mais velho. Tentei imaginar a cena mas só vinha sangue com barro e sujeira. Como seria hoje no asfalto que estava pronto para ferver o sangue do meu filho? Eu sabia que a polícia demoraria bastante, talvez o dia inteiro para buscá-lo. Fiquei em choque. Aquilo não podia ser verdade. Meu filho, o mais velho? Lembro que eu quase chorei mas eu não consegui, simplesmente travei. Lembro que falavam comigo mas eu não escutava. Ele nem era adolescente direito. Foi por causa de uma briga, uma menina, por nada. Foi uns cara ruim daqui que logo encontraram a vez deles. Uma guerra que não existe, pelo menos é assim que a sociedade vê, ou melhor, não vê. Depois desse dia muita coisa mudou pra mim. Ele não era meu filho único, mas foi ele que me ensinou a ser pai, e por isso ele era importante pra mim. Eu, minha mulher e meus filhos mudamos completamente. O filho querido, o amigo de todos os irmãos, se foi. Fez-se mais silêncio em casa, e as vezes, para quebrar isso, bem cedinho eu ligava o rádio e ficava escutando forró de antigamente, como eu fazia quando os meus filhos eram pequenos.
Quantos anos se passaram desde que me mudei pra cá? Quarenta, cinquenta anos. E por que nunca sai daqui?
Será que foi porque vi esse lugar crescer? Por que ainda consigo sentir meu filho correndo por aqui e ainda tenho esperanças de virar a esquina e vê-lo correndo até aos meus braços dizendo que conseguiu cumprir a promessa?
Por que o Joel Cabral morreu? Ele nunca fez nada contra ninguém, era um vagabundo, um alcoólatra, um fraco, mas e daí? Não era motivo para tanto.
As vozes que dali ecoavam começaram a fazer sentido novamente. Fui percebendo que eu estava em outro mundo e acordara com aqueles blábláblá melindrosos.
“Foi os caras do morro de cima!” — um dizia. “Eu ouvi falar que o atropelaram!” – a fofoqueira da rua falava cutucando a nora com o braço. ‘Será que foi tiro?’ – o outro perguntava. “Aquilo parece porrada” – as pessoas diziam.

Dei dois passos pra trás, eu não queria participar daquilo. Estavam quase fazendo um bolão, mas eu não consegui sair dali. Era domingo de manhã. Estava tudo quieto como naquele dia. “Você entende?” No dia em que meu filho morreu. Eu comecei a ficar com medo, uma sensação estranha. E nessa altura da idade sentir essas coisas é mais estranho ainda, mas dessa vez eu não fugi. Eu precisava entender o que estava acontecendo...
— Agemiro você está bem? – a minha vizinha perguntou.
Respondi que sim, mostrando meus dentes forçosamente pelos quais eu paguei uma fortuna.
Não sei quanto tempo fiquei ali, ou se houve algum tempo ali. Só sei que o Ceará chegou empurrando meio mundo, ajoelhou ao lado do Joel Cabral como se não acreditasse no que via. Chorou sem esboçar qualquer reação. Seus olhos diziam o que seu coração sentia. Todos pararam de falar depois que ele mandou todo mundo sair dali. “Respeitem ele pelo menos depois de morto” ele disse com a voz embargada. Ele estava sentido, profundamente sentido. Sentou-se no chão, próximo a guia e sem pensar, num gesto carinhoso colocou a cabeça do Joel Cabral em seu colo, tirou o braço dele da sarjeta e o acolheu. Com um lenço tentou trazer um pouco de dignidade no rosto de Joel Cabral limpando-o e fechando seus olhos. As pessoas que estavam ali arregalaram os olhos do tamanho do mundo, mas ninguém disse uma só palavra. Eu fiquei mas um tempo até que o Ceará me olhasse profundamente em meus olhos. Depois disso eu sai. Tentei me lembrar do dia da morte de meu filho mas eu não consegui. Depois ouvi dizer que o Ceará não saiu dali nem pra comer, até que a policia fizesse seu trabalho e o carro do IML retirasse o corpo do local.

Passaram-se cinco dias desde o ocorrido e ninguém mais vira o Ceará. Até que eu criei coragem e fui até ao bar, mas ele continuava fechado. Respirei fundo e o chamei em casa. Apertei a companhia. Gritei, e depois de um tempo a sua esposa veio me falar que o a bar não seria aberto. Que eu voltasse outro dia – muito mau educada por sinal. Insisti que eu queria falar com o Ceará. Ela foi lá pra dentro e depois de uns minutos o Ceará apareceu.
Nos cumprimentamos em silêncio.
Ele abriu o portão. Eu entrei. Ele o fechou. Eu o segui pelo corredor estreito quase sem iluminação. Ele abriu uma porta que dava pros fundos do bar e entramos. Sua mulher foi tentar lhe falar alguma coisa pra ele não abrir o bar mas ele simplesmente respondeu “que hoje não, eu estou com a cabeça cheia, não me torre...”.
— Cerveja? – o Ceará perguntou.
— Só se você me acompanhar.
Enquanto o Ceará abria a geladeira, eu percebi o barulho que ela fazia. Dava a impressão de que a porta iria cair a qualquer momento.
Quando eu fui sentar o Ceará não permitiu. Ele colocou a cerveja sobre o balcão, pegou os copos e entrou em outra porta lateral aonde ele deixava uns engradados. Voltou com uma mesa de ferro azul e duas cadeiras também azuis, tudo novinho em folha. Deu a volta no balcão e posicionou a mesa como se fizesse isto sempre no mesmo lugar.
Eu peguei a cerveja e os copos. Brindamos em silêncio. Bebemos uma cerveja inteira como se estivéssemos bebendo água e começamos a falar de futebol. Bebemos mais. Falamos das mulheres. Bebemos mais... falamos de nossos filhos...
Foi nesse dia que o Ceará me falou que a cadeira e a mesa, aonde eu estava sentado tinham vida própria, tudo o que a gente fala, ela engole e fica com tudo. E eu entendi, e foi assim que acabei contando a história do meu filho mais velho, está que eu contei pra você. Chorei como uma criança nesse dia, mas deixei tudo naquela mesa. Tudo mesmo.
Depois ouvi o Ceará falando da sua vida feita e de seu sonho de voltar a sua terrinha. E perguntei o porquê dele não ir. Nesse momento eu ouvi o silêncio querendo me falar. Ele respirou fundo e vi em seus olhos a dúvida. Falar ou não falar. Mas ele respirou fundo, segurou a mesa como se buscasse coragem e força e começou...
“Essa cadeira e essa mesa tem vida própria, tudo o que a gente fala ela engole e fica com tudo. Está me entendendo Agemiro? Respondi que sim balançando a cabeça. Outra vez. Pois bem, há muitos anos atrás, bem atrás mesmo, na minha juventude, eu tinha o sonho de ser músico. Eu aprendi vários instrumentos por conta própria e adoro sanfona. Isso é minha vida: tocar. Esse bar, essa vida, é tudo uma invenção minha. Aonde você está sentado Agemiro, nesse exato local passou músicos e músicos. Muitos deles super famosos hoje em dia. A maioria meus amigos de verdade. Conheço produtores, donos de gravadoras, compositores. Tudo de música. Mas não vivi disso. Eu tive que pegar no batente. Trabalhar de empregado e nunca fui valorizado. Uma vida de cão. Mas a Cidinha, essa “louca” que mora comigo, bom, ela foi meu pilar. Meu verdadeiro Amor. Nunca em nenhum momento, ela deixou eu desistir. Paguei para tocar durante muito tempo. O salário pingado era sempre economizado, e as economias eram gastas com meus instrumentos e locomoção para fazer show de bar em bar. Como eu abro o meu aqui. Nunca fui reconhecido e hoje eu entendo o porquê, e aceito, e sou feliz pelas decisões que tomei. Mas domingo foi o dia mais triste de minha vida, o meu filho morreu... o Joel se foi”.
Quase cai pra trás da cadeira, meu chão se abriu e eu não sabia o que dizer mas antes que eu dissesse qualquer coisa ele continuou.
“Joel não era meu filho de sangue, mas era como se fosse. Eu o conheci quando ele era adolescente. Tocava qualquer instrumento de ouvido e o convidei para tocar comigo. Com o tempo ele veio morar com a gente. A vida dele nunca fora fácil. Fugiu de casa ainda muito novo porque seu pai vivia batendo nele, naquela época ele não tinha dois dentes porque seu pai os quebrara na porrada. Além da gente suspeitar de que seu pai ou alguém ter abusado dele sexualmente. Ele nunca confirmou isso, mas também nunca negou.
“Fomos moldando ele devagar e com os meus conhecimentos no ramo musical logo encontrei uma banda para ele tocar e assim foi. Seu talento especial era para os instrumentos de corda – seus dedos dedilhavam o violão como ninguém. Eram quase mágicos e sobre-humano.
“Como o talento dele era diferente. Ele não precisou de mim, nem de ninguém para sobreviver. Foi morar no exterior, aprendeu umas quatro línguas diferentes. Voltou pro Brasil e começou a escrever muitas letras. Quase todas sucessos absolutos. Ele tentou me tirar daqui, mas eu não sei, não tive coragem de sair. Depois ele casou e teve dois filhos.
“A sua ligação com a música era mais forte que tudo mas teve uma época de vaca magra muito forte pra ele. Sua mulher não entendia e continuava a gastar como se eles pudessem manter um padrão de vida da qual eles não pertenciam mais. As brigas começaram e num dia qualquer a sua mulher o deixou pra ficar com o dono de uma gravadora. Apenas um bilhete dizendo que se ele quisesse ver os filhos de novo ele teria que lhe pagar uma grana alta.
“Eu não sei o que aconteceu daí pra frente. Deu um tilti na cabeça dele, sei lá, ele abriu mão de tudo. Deu tudo pra mulher de papel passado pra que ela não fizesse a cabeça dos filhos contra ele. Mas não adiantou nada, ela o proibiu de ver até os filhos. Ele passou a beber e depois de anos eu consegui encontrá-lo dormindo em baixo de um viaduto. A cena mais triste de minha vida.
“Conversei com ele e o trouxe para casa. Minha mulher não queria mas ela sempre esteve ao meu lado. Cuidamos dele mas a rua e a bebida já fazia parte da sua vida e nunca conseguimos “consertá-lo”.
“Pois bem, o Joel não largava um saco velho de jeito algum. Um dia minha mulher foi futricá-lo e estava cheio de folhas velhas e sujas, outras bem rasgadas, mas havia escrito nelas letras e mais letras de músicas completas.
“Eu as vendi com outro pseudônimo, todos os direitos do Joel. Eu administrei tudo. A sua única exigência é que se acontecesse algo com ele, eu entregasse tudo para os filhos dele quando completarem a maior idade. Ou quando eu decidisse a melhor hora. Mas eu sempre pensei que ele entregaria o dinheiro, não eu.
“Tentei falar com a sua ex-mulher mas ela deu graças a Deus por ele ter batido as botas e as crianças não querem nem saber dele.
“O Joel acabou sendo enterrado como indigente por causa do testemunho das pessoas dizendo que ele era um vagabundo qualquer e que não tinha família. Dei uma grana pros caras de lá e consegui que o enterrassem quase que dignamente.

Eu sai do bar sem rumo, primeiro porque eu estava um pouco bêbado, segundo porque eu não podia acreditar em tudo aquilo. Como? O Joel Cabral era um gênio e vivia como um vagabundo, mendigo. Mas como? Por que? Por causa de uma mulher? Eu sempre o julguei... O Ceará está rico, conhece tudo de forró! Ele me falou isso, se eu não estou tão bêbado... e vivia aqui só pra cuidar do “filho”. Aí meu Deus...
Acordei no outro dia com minha esposa me chamando. “O Ceará está ai na porta”. Havia me esquecido que tínhamos marcado de irmos no cemitério procurar pelo Joel Cabral (se eu não estivesse bêbado e emocionado eu teria negado).

Quase não nos falamos até chegarmos ao cemitério – a mesa azul não veio junto – olhei por fora e logo senti que o ar me faltava. Meu filho estava enterrado lá dentro, atrás deste muro branco comprido. E eu nunca havia voltado aqui. Qual era o meu medo?
Logo na entrada o Ceará foi falar com o coveiro, e de novo teve que molhar a mão do cara. Eu olhava em volta e não me lembrava daquelas árvores enormes logo na entrada; era como se elas sempre existissem ali e eu que nunca tinha consegui vê-las.
O coveiro começou a andar e fomos atrás dele. Passamos por mausoléus enormes e lindíssimos, outros menores mas ainda sim bonitos, mas a grande maioria abandonada pelo tempo, cheio de flores artificiais manchadas pelo tempo e pela sujeira. Eu só escutava o tintilhar das placas de identificação que estavam solta batendo umas as outras por causa do vento. O que eu estava pensando? Eu também abandonei o túmulo do meu filho... Quem eu podia julgar?
Da entrada não se via aonde os pobres eram enterrados mas se via a capela ao fundo e a cada passo que íamos dando, maior ela ia se apresentando. Seguíamos por uma reta e estreita rua com um asfalto velho e sujo. Ao chegarmos na capela viramos a direita e seguimos por uma passagem de cascalho que enquanto pisávamos, as pedras cantavam sons diferentes. Andamos até ao canto do cemitério aonde são enterrado as pessoas que não tem dinheiro. Na terra, mesmo. E era lá que meu filho estava enterrado. Meu coração acelerava, uma quentura subia pelo corpo e o ar parecia cada vez mais ralo. Aonde será que meu filho foi enterrado? Será que ele ainda está aqui? Será que eu ainda me lembro do local?
Paramos de frente para aquela área de terra batida vermelha. Olhei em volta. Abandono quase total. Nem sei como sabem quem está ali. Nenhuma placa de identificação. Algumas cruzes de madeiras com um nome escrito, e só. O coveiro começou a andar. O Ceará também. Eu fiquei ali imóvel sem coragem de pisar naquela terra “sagrada”. O Ceará me chamou, eu exitei. Pedi licença para os mortos e fui.
Pararam em frente a um monte de terra que parecia ter sido mexida a pouco tempo. Aproximei-me. O coveiro deixou o local. O Ceará estava chorando, como no domingo – sem esboçar qualquer reação. Eu olhei na cova ao lado e havia uma placa dedicatória no chão. Olhei em volta, a única do local. Cerrei meus olhos e com dificuldade comecei a ler. No meio da leitura eu comecei a chorar e perdi completamente o ar. Caí de joelhos e senti a terra nos meus dedos, apertei-a. O Ceará tentou me segurar e me apoiou. Não pude acreditar. Uma placa dedicatória com um trecho da minha música e do meu filho. Olhei para o crucifixo de ferro dourado e li o nome do meu filho gravado nele. “É o túmulo do meu filho!” eu disse cabisbaixo “MEU FILHO, CEARÁ!” agora olhando em seus olhos.
O Ceará leu e começou a chorar, agora demonstrando sentimento de verdade. Ajoelhado mesmo, ele me abraçou forte. Eu não entendi e depois de algum tempo nos restituímos.
No final do trecho da dedicatória da nossa música estava escrito: Papai, um dia eu ainda vou comprar uma casa pro senhor.
E o Ceará me explicou que no dia em que meu filho morreu, o Joel Cabral dormia na rua e acordou com o barulho que estava acontecendo na rua de trás. Andou até lá e encontrou um rapaz todo machucado. Ele o segurou no colo, como o Ceará havia feito. — Eu não sabia disso. Eu não fui ver meu filho. Eu não fiz nada. — O Ceará me contou que o meu filho pediu para o Joel Cabral pedir perdão pra mim, porque ele não tinha tido tempo de comprar a casa que ele havia me prometido. Ele tentou mantê-lo acordado e gritava por socorro o tempo todo, mas ninguém apareceu. Meu filho levou um tempo para desfalecer, mas antes disso começou a cantar a nossa música. E essa música é de autoria do Joel Cabral que está enterrado ao lado do meu filho. O Ceará também não sabia, mas um advogado o procurou e falou que Joel Cabral deixou uma música para um rapaz. Esse rapaz era o meu filho, a nossa música, que agora pertence a mim. Durante todos esses anos o Joel Cabral, o cara que eu julgava bêbado e vagabundo, deixou uma conta aberta num banco aonde iam depositando todos os direitos dessa música desde que meu filho morreu e com esse dinheiro meu filho pôde realizar o sonho dele: a de me comprar uma casa nova...

12 de agosto de 2008

Olimpíadas 2008


Este texto foi escrito pouco antes da meia noite do dia 8 de agosto, mas somente postado hoje.

Em primeiro lugar quero que: quem vai a ler o que está escrito aqui, entenda claramente que: eu escrevi despido de conceitos políticos e/ou religiosos.

Esta foi a primeira edição olímpica que eu assisto ao vivo pela televisão. Todas as outras oportunidades eu estava trabalhando e/ou estudando.
A magnitude do evento foi grandiosa, e durante quatro horas me senti o ser humano que eu gostaria de acreditar que existisse o tempo todo:
O ser humano capaz de ser apenas criador, não destruidor;
O ser humano capaz de fazer a paz , não a guerra;
O ser humano capaz de construir um país, um mundo melhor.

A apresentação dos jogos olímpicos do ano de 2008 me fez pensar sobre muita coisa.
Eu como artista... diante de tanta emoção e grandiosidade, senti minhas telas pequenas, mas tão cheias de emoção quanto a grandiosidade de uma nação, ou melhor, do mundo. Não tenho olhos puxados, mas eles não são diferentes de mim em nada. Eu apenas nasci brasileiro, e tenho uma cultura diferente das deles. E, com certeza eu seria capaz de trabalhar muito pra fazer da nossa olimpíada tão surpreendente quanto essa.
Fizeram uma obra de arte viva que durou uma hora e pepertuará a eternidade dentro de mim.
Eu sou artista? Sim eu sou. Eu sou ser humano? Sim eu sou.
Então, quem é capaz de fazer o mais belo espetáculo do mundo, também é capaz de fazer guerra?
Eu estou falando do ser humano, não de um país, ou de um “grupo” de pessoas.
Minha esposa me viu emocionado várias vezes e me perguntou o porquê. Eu só respondia que era a grandiosidade do ser humano como criador. Então ela me perguntou se eu acreditava na paz. Sem pensar muito eu respondi:
— Sim!
— Vai demorar... – ela indagou com a voz um pouco distante, talvez não querendo ouvir a minha resposta.
Respondi sinceramente o que eu estava sentindo:
— Depende de nós mesmos. Quanto mais pessoas desejarem isto e entenderem que somente a conscientização da paz, de cada um de nós, ai sim, encontraremos a paz.
Aqui eu posso acrescentar algo a mais:
A paz virá, e isto eu tenho certeza. Em anos? Talvez cinqüenta ou cem. Depende muito de nós mesmos em ensinar as crianças a pensarem, como agirem, e isto se faz dando o próprio exemplo. A nossa mentalidade tem que mudar. O nosso jeito de fazer as coisas tem mudar. E mudança leva tempo e vontade.
A China está de parabéns, não só deu ao povo de sua nação um grande espetáculo, como provou ao mundo que lá as coisas funcionam (pelo bem ou pelo mal). Nem tudo com certeza, lembrem-se: estou despido das minhas crenças políticas e religiosas. Somente pensando no esporte e na união de todos os povos.


A china me mostrou o lado verdadeiramente humano que podemos ter:
Podemos ser uno;
Podemos ser todos;
Podemos ser seres humanos evoluídos capazes de criar;
Podemos mudar nossos paradigmas;
Podemos ser tolerantes;
Podemos, sim, podemos evoluir nosso caráter;
E para finalizar, podemos evoluir tecnologicamente sem deixar de evoluirmos como seres humanos pacifistas, tolerantes e realmente inteligentes...

Obrigado China por me mostrar como artista o quão pequeno eu sou, e sempre serei... Mas também me mostrado, o quão poderoso eu posso ser através das minhas telas e livros. Mostrarei e provarei a mim e as pessoas o quão formidável a paz deva ser... e será...

1 de agosto de 2008

Bob’s Mentality


Quando eu fico um tempo sem escrever ou pensando demais o que eu irei pintar, eu sei que alguma coisa está para chegar. Outra coisa... é fácil escrever daquilo que inventamos, mas ser sinceros a ponto de nos mostrar humanos e sensíveis é outra coisa. E, a princípio noto que as pessoas não tem a mentalidade de se dizer inspirados por outros. Pois bem, eu assumo, eu me inspiro em grandes seres humanos, me inspiro com a natureza, me inspiro comigo mesmo, me inspiro pelo prazer de estar sempre aberto para sentir uma nova experiência.
Mas este é um estado que eu consegui criar para mim ao longo dos anos. A capacidade de se deixar inspirar por qualquer coisa que faça meu mundo sacolejar.
Posso citar aqui inúmeras situações e casos de inspiração que fui submetido mesmo sem eu querer naquele momento, mas mesmo assim me deixando contemplar o que estava acontecendo.
Na arte, os grandes mestres da pintura me abriram os olhos para as formas e as cores. Na literatura novos mundos. Na música, novas viagens. Nos esportes, a superação.
O que eu quero dizer com tudo isto é que todo ser humano é capaz de inspirar e ser inspirado.
Domingo, o meu amigo Lúcio, logo pela manhã me trouxe um DVD com o seguinte título: “javascript:amplia_foto(6248);” que, aliás, há muito tempo ele me prometia emprestar. Deixei-o em casa e fomos para a pista de skate de São Bernardo do Campo.
Fiz uma sessão boa, mas não boa o bastante para mim. Sempre querendo mais e mais a evolução... Eu e o Lúcio conversamos sobre a nossa evolução. Eu aos trinta e um e ele com trinta. E pra onde a gente iria sendo que estamos treinando, treinando e não passamos do que chamamos de “apostila zero”. Esta parte nos deixa de certa forma: desanimados. Não que iremos deixar de andar de skate; não somos tão inteligentes para isto. Hehehe! Preferimos insistir, do que desistir. É o esporte que escolhemos, a nossa academia, o nosso hobby, o nosso lazer; mas porque insistimos em querer a evoluir?
Cheguei em casa cansado, me reconfortando no colo da minha família.
Somente mais tarde quando minha filha cansou de brincar comigo é que coloquei o filme do Bob para assistir.
E “voa lá”!!! As respostas vieram a se soltar bem na minha frente.
Muitas vezes este filme quase chegou a minha mão, quase, porque nunca chegou de verdade, eu o quase o comprei, eu o quase assisti na casa de um camarada e sempre quase... e eu aprendi a “me deixar esperar” pelo momento certo. Eu não me forço para que as respostas cheguem antes do que eu possa entendê-las a fundo. Esta seria a explicação resumida de um pensamento longínquo, mas incompleta.
Pois bem, obrigado Bob por andar de skate e ser a minha inspiração e a de tantas outros pessoas. Obrigado também ao Urina, Tarobinha, Sandro Dias e ao Ueda que já fizeram, ou de vez em quando, dão a graça de fazer uma session na mesma pista e me inspiram a andar mais.
Essa parte é engraçada, conheci todos eles antes de ficarem “famosos” (menos o Bob) e ainda sim todos eles são respeitosamente seres humanos humildes e camaradas. Eles evoluíram e muito, eu não. Não porque eu não queria, eu sempre quis, mas todos nós temos nossos próprios limites. Eu não evolui na mesma proporção que eles no esporte, em compensação, acredito fielmente que todos nós, sem exceção, evoluímos como seres humanos e principalmente como cidadões de paz e inspiração.
Voltando ao filme (kd o Urina nele?), Bob mostrou-me claramente que estou no caminho certo, evoluir sempre, todos os dias todos os segundos, sempre e sempre...
No esporte que escolhi, minha evolução primeiramente é colocada a prova sempre. Uma evolução a passos de tartaruga comparado aos de Bob e da galera. Em compensação fui abençoado com outros “Dons”, outras facilidades: A arte é um dos meus dons. E, é esse o caminho que estou traçando.
Eu sempre acreditei que o papel principal de um artista (pintor) é o de inspirar outras pessoas. E depois de muito tempo, percebi que eu nasci para fazer isto: pintar e pintar e pintar e escrever. Sem deixar de fazer outras coisas: ando de skate, leio muito, escrevo sempre e consigo ter minha família presente. Não sou o melhor skatista do mundo, nem chegarei perto. Mas estou feliz por eu ter evoluído e ainda evoluindo dentro do que eu posso fazer.
Bob é um cara realmente abençoado, não só um skatista, mas um inspirador. Ele, Urina, Tarobinha, Sandro Dias e ao Ueda, todos vocês eu os coloco na minha lista de “grandes mestres”.
Sigo pintando, evoluindo rapidamente, tanto tecnicamente como inovando. Sigo os passos dos meus mestres skatistas, mas com o objetivo de ficar próximo aos grandes mestres da pintura...
Obrigado ao Skate, ao esporte, aos meus mestres... sem isso minha arte não teria tanta inspiração para evoluir sempre...
 
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